sexta-feira, março 10, 2006

A Espiritualidade

Ultimamente tem-se verificado uma grande discussão em torno da palavra Espiritualidade, com laivos de grande intolerância, por parte dos não crentes e das Religiões.
Não devemos confundir o conceito de Espiritualidade, com algum dogma religioso. Espiritual é algo profundo, que cada um de nós, de uma forma ou de outra, é capaz de compreender intuitivamente, como sendo a fonte do Amor, da Bondade, da Beleza e da Sabedoria.
Mas perante estes factos, como pode o homem laborar em algo que está para além da razão e do palpável?
Para isso, ele terá de utilizar outras ferramentas de acção, que também elas, não podem pertencer ao mundo das formas. Alfaias de níveis cada vez mais elevados e profundos, como o raciocínio e a Intuição, alicerçados na Ética e na Simbólica, tornam possível, sentir, viver e almejar a Ordem superior, para além das limitadas representações mentais comuns e permitir avançar, cada vez mais, na Senda da Perfeição. Para isso devemos progressivamente, trabalhar para alcançar estados, percepções e conhecimentos traduzidos em Sabedoria, que devem ser retiradas das experiências quotidianas, do simbolismo e das fabulosas e altamente inspiradoras histórias míticas e místicas, e começar a trabalhar as Emoções, primeiro e indispensável passo para a caminhada Iniciática.
Portanto, já aqui, ao direccionarmos a atenção sobre as emoções, já estamos a trabalhar num plano extra-físico, não palpável, mas que sabemos e sentimos, como algo que na realidade existe e é extremamente importante para a vivência humana.
Um projecto por mais complexo que seja foi inicialmente trabalhado pela mente humana antes da sua concretização material. Aqui temos a noção exacta, de que, trabalhamos inicialmente noutras Esferas, neste caso no Plano Mental e só depois passamos ao concreto, ao palpável, ao físico.
Certamente que a nossa evolução, exigirá posteriormente, a atenção para Planos cada vez mais subtis do que o Mental. A Intuição e a Meditação abrem caminhos nessa perspectiva.

Os excessos provocados pelas Religiões ou pelo fanatismo de fundamentalistas religiosos, não invalidam a existência de Estados Diferenciados da Realidade, como admite actualmente a ciência, e cairmos no outro extremo radical, o materialismo puro, desconexo da Realidade e dos propósitos da Vida.

O trabalho do Homem deve ter dois níveis, interligados. Um de cariz Espiritual, introspectivo, de auto-observação constante e de busca contínua pela perfeição; o outro, um Serviço de acção e transformação directa no mundo concreto. Para isso, toda a acção deve ser guiada por princípios éticos. O objectivo deste Trabalho dual (Acção guiada) traduz-se num crescimento pessoal e consequentemente, numa mais valia, para a evolução da própria Humanidade, libertando-a mais rapidamente das amarras do sofrimento, da ignorância e da inércia.

Paz as todos os Seres

Jorge Moreira 2006

26 comentários:

Era uma vez um Girassol disse...

Muito bem, Jorge, adorei este post!
Aborda as questões da Espiritualidade de uma forma correcta e motivadora. As Emoções estão hoje no centro das temáticas; por exemplo, a inteligência emocional e as suas técnicas, aplicadas no desenvolvimento pessoal.
A mente é complexa, mas devemos aprender a controlá-la. Estudar estas questões e pôr em prática os conhecimentos adquiridos, poderá fazer de nós pessoas melhores, mais generosas, mais equilibradas.
Espírito e corpo se completarão de forma mais harmoniosa.
Bjinho

Lady disse...

Bem eu não sei se para lá caminho... para esse mundo do espiritualismo!!! :)Heheheh!!!! Somente sei que sempre lutei pelos valores humanos (pelos verdadeiros sentimentos, o respeito, etc...)e presentemente ainda luto... bem julgo que hei-se continuamente estar sempre a lutar!!! Um belo texto... gostei, um beijinho grande e inté...

Desambientado disse...

Excelente ensaio, mais uma vez. É pertinente, profundo e actual. Por vezes é preciso encontrar quem ponha os pontos nos ii, e nos esclareça, a mim e a todos o sentido de cada uma das coisas.

Um abraço.

nahar disse...

O homem pode chegar ao que está para além da razão pela própria razão, ou seja, contemplando a maravilha da natureza, só podemos pensar que toda a unidade e perfeição é sustida por uma força superior à qual podemos chamar Deus.

Gostei bastante deste post, bastante actual pois o homem cada vez mais procura o divino ou algo em que acreditar. O homem é por natureza um ser espiritual que prcoura o dom sobrenatural (a fé) plo dom natural (a razão)

Abraço Jorge e um bom fim de semana

Era uma vez um Girassol disse...

Voltei, Jorge, para dizer que achei este post interventivo e esclarecedor. Comungo de uma profusão de ideias ( não confusão...) que não são antagónicas.
Fui criada na religião evangélica, protestante, casei pelo civil com um católico não praticante, que andou no seminário, entro nas igrejas católicas e vou ao santuário de Vagos acender umas velas, não por mim, pedir por aqueles que partiram e precisam de paz. Mas há mais: fascina-me o budismo, como filosofia de vida, os pensamentos de Dalai Lama e o seu exemplo de vida e acredito na reeincarnação! Acredito que existe algo mais do que enxergamos. Existem:
- os que não vêem nem sentem
- os que sentem e não vêem
- os que sentem e vêem ,porque Deus lhes deu esse DOM.

E esta hein????? Quem diria?
Bjinho

Conceição Paulino disse...

oportuna reflexão. E importa, como o fizeste à partida, separar espiritualidade de qq religião.
Nada têm a ver. Não necessariamente. Considero-me um ser em construção espiritual e estou desligada de qq religião. Olhando para trás, a maioria das religiões, neste capítulo (crescimento espiritual) tem feito mais mal k bem.

Parto de uma base em k creio k quem nega a espiritualidade nega a sua pp existência, pois acredito firmemente k cada um de nós tem uma centelha do divino e o objectivo da vida é trabalhar para k ele em nós cresça e se fortaleça não sendo esmagado ou escondido pelo ego.
O da acção é decorrente.
Beijos d eluz e paz e bom f.s para vocês. Bjinho à Helena.

Alisson da Hora disse...

Jorge...haverá o dia em que todos nós buscaremos a Religiosidade em detrimento de qualquer religião...A institucionalização da fé causou-nos enormes males ao longo de dois milênios...Urge agora compreendermos Deus, ou como o chamemos, em toda a sua plenitude, e não como regras ou imagens que nos amarram à ignorância...

Misterious_Spirit disse...

Concordo plenamente! E é de facto uma pena as pessoas devido à sua ignorância e preconceito desprezarem de tal forma a espiritualidade por terem uma visão errada dela. Através da espiritualidade é nos possível descobrir novos horizontes e ver para além deste mundo físico que conhecemos desta forma,e essa descoberta e crescimento são um caminho para a realização pessoal ,o que fará com que haja mais pessoas felizes,e o mundo será um lugar melhor.. e se todos crescessem e evouluíssem nesse sentido,a humanidade sería tão mais feliz e portadora de grande sabedoria e discernimento. Com a espiritualidade podemos então caminhar em direcção a tal evolução e crescimento,para descobrirmos o que para além disto..

Isabel José António disse...

Texto profundo e muito pedagógico, fazendo bem a distinção entre a Espiritualidade (ou RELIGIOSIDADE no sentido lato e profundo) e as diversas Religiões, por vezes ortodoxas e dogmáticas. Essas últimas, são como um vitral que assim colorisse a luz pura da espiritualidade, acrescentando-lhe pormenores nem sempre necessários ou belos.

Muitos parabéns por fazeres sempre tão bom trabalho!

Um xi coração,

Isabel

Isabel José António disse...

O objectivo da espiritualidade, desde tempos imemoriais, é fazer nascer o HOMEM PERFEITO. Este, tem que crescer para dentro de si e para o Alto, de modo a sintonizar-se com a FONTE da CRIAÇÃO. Mas também tem que crescer naquilo que modernamente se descreve como "linha horizontal". Esta "linha horizontal" não é mais que o amor ao próximo. O compreender as leis da natureza, de acção reacção... tudo aquilo que se faz encontra eco e o seu retorno.

Só com estas duas vertentes, completamente desenvolvidas, poderá pensar-se na possibilidade de surgimento do tal "Homem Integral".

Um grande abraço e muitos parabéns!

José António

joao firmino disse...

Jorge:

Tocaste na essência da espiritualidade, ao colocares a mesma no plano da intuição e do sensitivo. Esse plano remete para a forma como cada um sente e chega ao sagrado. Não há formulas, não há caminhos mastigados, não há receitas. Existe apenas o nosso corpo, o nosso sentir e o reconhecimento de algo imenso a que estamos ligados.
Nesse estado, de reconhecimento ou não, há algo muito importante: o despertar. E nesse despertar, todos os que nos rodeiam são como pedras (as tais que no outro dia falaste) que nos orientam para... (chame-se o que se quiser chamar).

Um abraço,
João

Maria Azenha disse...

belíssimo contributo.
grata.

boa semana,

***maat

Fátima Silva disse...

Se cada indivíduo tomar consciência que esse é o caminho a ser trilhado, o mundo estaria menos doente.
Belíssimo post. Boa semana.

maresia_mar disse...

Olá, belo post, com profundidade, carismático e que daria muito pano para mangas... fanatismo seja no que for é sempre doentio e negativo.. espiritualidade, eu sinto-a de uma forma diferente, é a minha forma de a «ver».. como disseram atás, não há formulas nem receitas.. há simplesmente amor ao próximo, aí: a chave para tudo!!. bjhs e boa semana

sa.ra disse...

o caminho faz-se caminhando! a espiritualidade é um experiência... é experimentada de forma concreta, convertendo-se em coisas muito concretas, não concordas?
é tudo muito simples, contudo complexo.
nada se faz sem trabalho, sem estudo, sem investimento, sem dedicação... as ferramentas estão nas nossas mãos, mente, coração!
meditar e ler (estudar) é um bom começo!
qualquer homem pode mudar o mundo! basta mudar-se a si próprio!
o teu texto aponta nessa direcção :)
beijo!
um dia feliz!

K'os disse...

gostei muito do post

espiritualidade é um caminhar constante, é preciso querer-se acima de tudo
depois é necessário que se deixe entrar

:)

Cleopatra disse...

Espiritualidade não e define.. sente-se, emana-se.. mas ok. Vou tentar escrever sobre isso!
Bom tema!
Bjinhos

aya disse...

Apenas o meu silêncio...
Bj

Pedro Melo disse...

Muito bom! Belo texto! Muito profundo!

Gostei!

:)

Anónimo disse...

Dos textos que li sobre esta temática, este é um dos melhores, não só pela facilidade de leitura e compreensão mas também e mais importante, pelo menos pr mim, a distinção entre Espiritualidade e Religiosidade. Já aqui foi dito, aliás, que a pp religião é uma das “culpadas” pela tão grande marginalização da espiritualidade, o que estou perfeitamente de acordo. É difícil trabalhar com aquilo que não está ao alcance da nossa visão, e a essência da espiritualidade está precisamente no “plano da intuição e do sensitivo”. Mas se olharmos para o nosso mundo tão materialista, estes são 2 planos inexistentes, simplesmente não cabem neste espaço! É difícil uma vez completamente imersos no materialismo, voltar a pensar a este nível, mas há que pelo menos… TENTAR!

Adorei!!!!

Beijinhos

lena disse...

este post está excelente Jorge, e a algo que se sente e é um tema complexo, foi bom teres escrito e nada tem haver com rejigião
e repito a teu final:


"Paz a todos os Seres"

beijinhos meus Jorge


lena

DarkMorgana disse...

Gostei bastante do teu texto!

Também acho que as experiências de vida nos ensinam a crescer como seres humanos.
Hoje em dia as pessoas não arranjam tempo para terem consciência da sua espiritualidade...
É preciso parar e reflectir para conhecermos melhor a(o) estranha(o) do espelho da frente.
Bjos

teresa g. disse...

Muito interessante este post. Há alguns anos senti algum fanatismo, mas nestes caminhos diferentes, que agora encontro tantas vezes ao deambular pela blogosfera.
'...se bem que seja obscuro tudo pela estrada fora...' Talvez seja por isso.
E a sabedoria, essa, encontrei-a muitas vezes fora de qualquer escola.
Como dizia alguém, é como caminhar sobre o fio de uma navalha...

Maria João Figueira disse...

A espiritualidade é algo tão necessário à minha existência como respirar.
Quanto às pedras que existem no nosso caminho permitem-nos pensar nas pedras, no caminho, no nosso caminhar, e no caminhar com os outros.
Mas a nossa elevação espiritual, apesar de se apoiar na reflexão e portanto no lado racional do ser humano (e eu tenho um lado racional muito forte) é possível apenas de forma autêntica quando a mente humana está aberta, receptiva aos outros e a si própria, e tal só é possível quando se apoia no amor. É este o grande motor da elevação da alma humana. A tolerância está-lhe intimamente ligada: quando aceito o outro, apesar de não partilhar os meus pontos de vista, é o amor quer nos une.
A religiosidade é isso. Religião vem de ligar, "re-ligar", unir, portanto só pode estar associada ao amor.

Beijos grandes

Maria João Figueira

Anónimo disse...

What a great site »

Anónimo disse...

Eu gosto muito De Jesus Cristo. Eu sou cristã criada no meio evangélico. Gosto muito dos ensinos bíblicos.

Ùnico problema do cristianismo é que as palavras sempre acabam manipuladas e editadas de tal forma que leva mais as idéias materiais que as espirituais.

Ou seja, o cristianismo é maravilhoso, mas eles só defendem mais os humanos. Eu sou humana, amo a minha espécie, mas pôxa vida, nós somos um conjunto.

O que seria dos humanos sem o restante do meio ambiente? São coisas que se completam. As flores, os bichos, tudo faz parte do meio ambiente e da Terra.

Os humanos de 2011 DC só pensam no material e quem pensa em algo sem ser material eles acham que são hipócritas.

Tipo, eu sou material sim, claro. Eu gosto de conforto, de comida, etc...

Mas, quando eu tenho dinheiro para investir em alguma coisa, eu prefiro investir em bens não paupáveis do que paupáveis. Por exemplo: as viagens. São coisas intangíveis, a pessoa está comprando MEMÓRIAS. Um livro é mesma coisa, a leitura, por exemplo, a pessoa compra memórias, imagens espirituais.

A pessoa materialista, não. A pessoa materialista quando tem dinheiro quer logo comprar matéria paupável. Essa questão me faz lembrar um pouco sobre o livro que li na adolescência física chamada: "A Viagem de Gulliver". Ressalto a parte dos cavalos. Os cavalos eram os sábios na história. Enquanto os humanos num estágio primitivo ficavam brigando por coisas materiais, os cavalos se mostravam mais amigáveis com Gulliver do que os humanos.

Ou seja, eu não estou defendendo mais os animais do que os humanos, em absoluto.

Só acho que a doutrina cristã, das vertentes atuais (principalmente os neo-pentecostais evangélicos), estão muito presos ao material.

Volto a dizer, sou humana, gosto da matéria, preciso. Mas, não é tudo para mim.

Eu tenho pena dessas pessoas que só conseguem enxergar pelos olhos da matéria.

A culpa foi da filosofia antropocentristas e humanista, sim.

Mas, eu entendo o ponto de vista dos antropocentristas e humanistas da época. O Teocentrismo católico medieval estava exagerado! Eles eram muito rigorosos com as pessoas na Idade média. Tudo ficava sempre ao controle do clero e da nobreza e o movimento social ascendente era praticamente impossível.

Eu gosto muito do cristianismo, sou cristã, fã número 1 de Cristo, pois o que Ele fez pela humanidade nenhuma outra divindade, sejamos francos, seria capaz de fazer.

Mas, o problema é que o cristianismo sempre abusa demais do conceito de AMOR e acaba pervertendo o conceito de justiça.

Será que em nome do amor vale cometer tantas injustiças com outras pessoas? Sempre defendem os mesmos, sempre os mesmos, e aqueles mesmos sempre são ingratos e resmungadores.

Eu entendo que Jesus quis/quer ainda revolucionar o mundo, chocar, entendo. Ele gosta de ensinar assim. É uma forma bem prática de aprender.

Mas, a metodologia cristã atualmente pode ser prática, mas não incentiva muito a arte de pensar, que é o que leva de fato a pessoa ao nível espiritual.

Simone L. F. Guimarães (Twingle Sophia)