domingo, novembro 21, 2010

A Regeneração Humana



A Sabedoria Antiga indica a vivência da Fraternidade Universal, o incentivo ao estudo de forma comparada das diferentes áreas do conhecimento humano e a auto-observação, como as principais ferramentas para o homem alargar da sua concepção do universo e da sua própria realidade, adquirindo assim progressivamente, uma nova consciência desenvolvida na sabedoria e na bondade, uma evolução e um exemplo dessa mesma evolução para com os seus semelhantes, à qual, se transmutará numa regeneração humana. A possibilidade desta regeneração, mesmo que uma predestinação dela, é talvez a verdade mais inspiradora da Teosofia. Para que isso seja uma realidade, é necessário haver mudanças fundamentais no comportamento humano.

Mudanças fundamentais:


1. NA EDUCAÇÂO

Partindo da princípio de que a reencarnação é uma evidência, e não faltam estudos universitários credíveis sobre este facto, o ser humano encarna à nascença uma nova natureza. A colecção das memórias e personalidades psíquico-físicas das existências anteriores, não fazem parte da nova vida. Esta inocente pureza infantil, vai desaparecendo através da experimentação de novas sensações, emoções e pensamentos que irão progressivamente despertar reminiscências das qualidades positivas e negativas das personalidades anteriores. É aqui que os progenitores e educadores têm um papel extremamente importante, especialmente nos primeiros anos de vida, evitando situações que despertem essas reminiscências de cariz baixo, reparar imediatamente qualquer novo aspecto nefasto que possa aparecer e realçar as vertentes positivas que florescem no seu carácter. É que esta idade permite muito mais facilmente, corrigir as imperfeições e os vícios das existências passadas, devido à plasticidade da sua natureza. Assim, os pais e professores ajudam a moldar a futura personalidade, de uma forma muito mais sã e equilibrada, através da educação, que é a base para uma evolução mais rápida por parte do Ego encarnante.
A verdadeira educação tem como método, a orientação do ser para a descoberta dos valores perenes da vida, que surgem com a investigação livre de preconceitos e com auto-conhecimento adquirido através da auto-observação. Tem como objectivo proporcionar os melhores conhecimentos à criança, permitindo-a agir com lucidez e eficiência no mundo, e criar as condições necessárias ao seu desenvolvimento rumo à perfeição. Tudo isto significa fornecer-lhe o incentivo para florescer em bondade, a fim de que tenha uma correcta relação para com as coisas, para com as ideias e para com a vida em geral, e porque viver é relacionar-se também, não existe um bom relacionamento se não houver sensibilidade estética bem desenvolvida à beleza, à natureza e à arte, verdadeiros estímulos à cooperação inteligente para com o próximo e para com os outros seres em geral.
A educação não deve consistir apenas no acumular de conhecimentos, memorização e na leitura de livros. Deve essencialmente ensinar a aprender, a olhar, a compreender, a sentir o que os livros ensinam e a discernir se o que eles dizem é verdadeiro ou falso. Garantindo assim, uma verdadeira aprendizagem, no sentido de solucionar os verdadeiros problemas espirituais. Por isso, numa educação correcta, é imprescindível que o educador não ensine só as bases técnicas, mas transmita também, uma visão holística integrada da vida, pela observação e pela experimentação, incentivando à criatividade, à descoberta das vocações, à dissipação dos medos; afim de criar seres humanos mais sensíveis, inteligentes e equilibrados.
Deve proporcionar ao ser humano o desapego às fórmulas e repetição de falsos slogans, para que possa ser livre, desenvolver a sua inteligência de forma a não se transformar num autómato padronizado por um molde imposto de conduta social que em nada o elevaria como ser humano.
A natureza demonstra que o amor tem a capacidade de transformar o homem individualmente. Este, por sua vez, repercute-se por osmose na própria sociedade. Por isso, o acto de educar, deve ser um acto de amar. Esta união de amor entre o educador e o educando, é a base para proporcionar uma transformação profunda no seres humanos. É a base para a Regeneração Humana.


2. NA LIDERANÇA

Liderar é influenciar o rumo dos pensamentos e sentimentos dos outros. Ao analisar bem este facto, descobrimos que é algo que constantemente o fazemos. E porque todo o Universo é uma panóplia de interacções, assim também existe uma liderança recíproca em todas as coisas bem como em todos os seres. Por isso, nesta cadeia evolutiva, tudo o que é humano ou para além dele, tudo o que é animal, vegetal, mineral ou dévico, diz-lhe respeito, influencia-o de certo modo e é influenciado por ele. Ter consciência plena das nossas acções é algo que devemos fazer, visto agirmos permanentemente sobre a vida dos outros seres de modo claro ou subtil. Mas não nos podemos esquecer que também actuamos sobre a nossa própria vida. Ser um líder de si mesmo não é tarefa fácil, mas é algo inevitável. A sabedoria antiga diz-nos que antes de dar-mos o primeiro passo para uma verdadeira liderança sobre si e sobre os outros, é necessário mergulhar no silêncio interior e praticar o auto controlo mental, afim de obter uma unidade interior que o leve à verdade.
O Tão-te King, diz-nos: “sei por experiência, que pretender conquistar e manipular o mundo não dá certo. O mundo é uma coisa espiritual. Quem o manipula, destrói-o. Quem quiser segura-lo, perde-o … Por isso o sábio evita todo o excesso.”
O abuso do poder por parte dos políticos para benefício próprio, encontra-se nos valores exagerados do eu.
A Sabedoria Antiga ensina-nos o valor do serviço. E este caminho dificilmente poderá ser traçado, por quem não esteja preparado para renunciar aos seus interesses pessoais, conscientes ou inconscientes. Porque cada um de nós presta um serviço ao outro. Se cultivarmos o hábito de executar esse serviço deliberadamente, a nossa aspiração de servir tornar-se-á mais forte e contribuiremos assim, não apenas para a nossa felicidade, mas também para a felicidade do mundo como um todo.


3. NO RELACIONAMENTO

As novas teorias científicas anotam, que ao contrário do que o darwinismo pensa, não foi a competição, mas sim a ajuda mútua que possibilitou, desde o início da vida, a evolução das espécies.
As teorias de Gaia, da ressonância mórfica (formas de pensamento), da física quântica, bem como de outras áreas, como a biologia, ou a aplicação da arquitectura, etc. integram já uma visão holística da vida. A natureza como um todo, unida, formando ela própria um ser vivo, onde todos os fenómenos são dependentes e interligados. Como tal, o ser humano encontra-se dentro desta rede de vida. A consciência deste facto, implica uma transformação do relacionamento do homem para com todas as outras coisas, e desta forma para consigo próprio, originando um despertar irreversível, onde o amor humano é cada vez mais consciente pelas inúmeras formas de vida do universo. Este despertar, provoca uma evolução, que está para além do intelecto, derivada da experiência verdadeiramente espiritual relacionada com o viver e o sentir, onde cada ser descobrirá dentro de si, a presença da energia cósmica, a Centelha Divina que o Anima.
Como parte da regeneração humana que hoje vivemos e apesar de todas as perturbações, o homem actual tende a praticar parcialmente a fraternidade activa, combinando desde já, afecto generoso com respeito, amor com liberdade, solidariedade com independência e ética com desapego.


4. PERANTE OS PROBLEMAS

Não podemos continuara a ignorar a morte anualmente à fome de milhões de pessoas, na sua grande maioria crianças.
Não podemos continuar a ignorar o sofrimento de tantos outros doentes e subnutridos, quando o dinheiro que se gasta em armamento dava para resolver praticamente todos esses problemas.
Não podemos continuar a ignorar a destruição física e humana que essas armas bélicas provocam, quando uma parte da humanidade vive centrada em si e no seu luxo.
Ao estudarmos as principais civilizações do passado, verificamos uma ciclicidade processual análoga a todas elas, de génese, desenvolvimento, colapso e desintegração. A nossa não irá fugir à regra. O problema é que esta civilização é global, e como tal, pode trazer consequências desastrosas a nível planetário. A única maneira de solucionar o problema é tentar transcender os métodos redutores cartesianos, como fez a nova Física, ao adoptar enfoques intuitivos.
Todos os problemas actuais, como o cancro, o crime, a poluição, a pobreza, etc. são faces diferentes de uma só crise. Pois todas estas feridas estão interligadas e não podem ser entendidas por métodos fragmentários, como têm tentado solucionar as entidades ditas competentes, mas sim de uma visão una da realidade. Portanto, é preciso um novo paradigma para dar ao homem uma visão capaz de resolver todos estes problemas de uma forma integrada. A missão do homem actual está cumprida. Ele conseguiu desenvolver o mental concreto, o poder e a força. A regeneração humana que implica uma nova visão da percepção da vida, da mente, da consciência e da evolução espiritual é o próximo objectivo da humanidade. A futura civilização deverá ser mundial, democrática, socialmente justa e organizada; a partir da percepção da fraternidade, do Amor, da Sabedoria, da interdependência dos povos, das culturas e das outras formas de vida. Só assim se poderá solucionar a esmagadora maioria dos problemas pessoais e globais, e construir uma nova humanidade regenerada.


5. NA MENTE

A mente tem uma natureza dual. Uma parte é influenciada pelas sensações da matéria e do desejo, cujo seu funcionamento, está na percepção separada e limitada das diferentes formas existenciais e no seu relacionamento entre elas. A outra parte da mente, iluminada pela Intuição, conhece e vive a unidade para além das formas, onde a sua comunhão, dá-lhe acesso directo à verdade, e a sua fusão, faz dela a própria verdade. Por conseguinte, a única maneira de percepcionamos a realidade, é vivênciá-la ao seu mais alto nível. Para isso, é necessário meditar sobre o propósito da Vida. Nesta tarefa, o discernimento e o desapego, são as traves mestras para que o homem se deve apoiar, afim de libertar a mente das amarras da matéria e dos desejos de posses, de posições e de poder, que são a origem de toda a separatividade, do egoísmo e da indiferença perante os outros. O Yoga descreve a meditação como a via para o Samadhi, a completa ausência da dualidade. Nesta perspectiva, meditar no propósito da Vida, tem a capacidade de harmonizar a mente e proporcionar uma unificação da dualidade da mente, que permita a manifestação nela própria, da mais alta natureza espiritual, dando assim origem à Regeneração do Homem.
A mente torna-se completamente livre das influências que anteriormente a perturbavam, fica inalterável às flutuações externas das condições da matéria Física e Emocional, como o calor e o frio, o sucesso e o insucesso, o sofrimento e a alegria, etc. A consciência retira simplesmente a essência dessas experiências, que sabe ser efémeras, transmutando-as em sabedoria.
Esta nova natureza da mente é a tranquilidade, mas esta particularidade não significa menos percepção dos movimentos da matéria. Muito pelo contrário. A sua sensibilidade aumenta exponencialmente, onde cada fenómeno passa a ter uma intensidade tal, que o indivíduo tem a percepção plena desse fenómeno, funde-se com o próprio fenómeno, mas essa fusão não significa uma perda da consciência da sua individualidade como ser.
Também não nos podemos esquecer, que o pensamento é a maior das forças. Ele cria primeiro a imagem e depois provoca a sua realização nos planos concretos e emotivos. Por isso é necessário aproveitar, controlar e direccionar a energia que o pensamento emana.
Quando as emoções são harmoniosas, o altruísmo como exemplo e o progresso como meta; a Intuição liberta-se, os sentidos expandem-se, os Veículos são purificados, e passa assim, a existir uma Harmonia integral. A consciência humana viaja rumo à Sabedoria, a mente inferior funde-se com a superior e a Regeneração do Homem aparece.



CONCLUSÂO

Apesar dos enormes progressos da biologia actual, ela não é capaz de resolver as grandes questões como a origem das formas, dos instintos, da inteligência e dos processos espirituais.
O homem não é simplesmente um ser constituído por um corpo físico com cerca de 70Kg de proteínas. Os fenómenos da vida como o metabolismo, o crescimento, a matriz, a regeneração, etc. não podem ser explicados apenas pelos processos bioquímicos que actuam o homem. Um princípio Ordenador superior, não local, liberto das amarras da matéria mais densa, vai moldando a forma, para progressivamente manifestar-se melhor nela, adquirindo assim, novos aspectos que permitam a evolução. Tal como nos diz Radha Burnier: “Todo o movimento da vida avança no sentido da manifestação externa da perfeição latente ou potencial”.
Outro facto importante é a impossibilidade de dar completa expressão à verdade, através de conceitos e palavras. Alcançar a verdade é ter uma percepção profunda da natureza de um facto da vida, ou da vida como um todo. Esta realidade última, só pode ser alcançada através da Sabedoria. Mas esta Sabedoria não é ter uma quantidade imensa de conhecimento científico, técnico, filosófico, religioso, etc. Pois o homem pode ter todo esse conhecimento, sem que se altere o seu comportamento ou a sua relação para com os outros seres. Esse tipo de conhecimento não é Sabedoria. A Sabedoria alcança a verdade através da compreensão da unidade, para além do conhecimento fragmentado. Ela produz relações harmoniosas. Ela torna-nos conscientes, de que em todos e em cada um, existe a possibilidade de crescer até alcançar a bondade, a verdade e a iluminação.

Neste momento em que nos encontramos, a evolução física é de certa forma irrelevante, como mostra o estudo da evolução biológica humana. Ela diz-nos que temos a mesma estrutura e tamanho do cérebro e do corpo, desde à 50.000 anos. O que permite constatar, uma estagnação da evolução biológica. Nesta sequência, o aperfeiçoamento humano decorre mais especificamente noutros níveis que se encontram para além do físico: o nível social, o cultural, o erudito, o espiritual etc. Por isso, o homem deve virar-se para si mesmo através da auto-observação. Este método permite perceber que as causas dos seus problemas não estão fora dele, mas têm origem profunda na sua psique.
Os desafios para resolver o grande problema da vida espiritual, é renunciar ao egoísmo, abandonar a noção de que existimos como entidades separadas do resto e reconhecer a existência de algo indescritivelmente mais valioso que habita em nós e no interior de toda a existência. Perceber isto e trabalhar a mente para atingir estes objectivos com perseverança, rectidão e amor, homem alcançará o auto-controle necessário para que se transmute, dando origem à sua própria regeneração. Um novo Homem nasce com consciência holística, capaz de amar incondicionalmente todos os seres, aberto a toda a bondade, à verdade, à pureza, à humildade e à beleza. Um homem que irradia paz e sabedoria. Um Homem que trabalha à Glória do Logos,

Paz a todos os Seres
Jorge Moreira

BIBLIOGRAFIA:

“A prática da Sabedoria”, Radha Burnier
“A política divina de Gandhi”, Nelson Liano Jr.
“Human regeneration”, N. Sri Ram.
“A memória oculta da natureza”, Rupert Sheldrake.
“O pensar da nova era”, Fritjof Capra
“A voz do silêncio”, Carlos C. Aveline.
“A fraternidade universal”, Aveline.
“O educador de uma nova era”,Cláudio Duarte
“O mestre da libertação total”, Virgine van Prehn
“Tão-Te King”, Lao-Tsé
“O ponto de Mutação”, Fritjof Capra
“O mundo de amanhã”, Annie Besant
“O homem e a natureza”, Jorge Moreira

Trabalho realizado para o Seminário "A Regeneração Humana" apresentado em Lisboa, publicado no "Jornal Mundo dos Livros" Nº34, pag. 3, 4, 5 e 6 de 6 de abril de 2006

sábado, novembro 20, 2010

A verdadeira Educação ...\ The true Education ...


A educação que temos tido é uma educação para o deus economia... o consumismo! Uma nova religião materialista (parece um contra-senso) cujo deus é o mercado! Temos todos de o amar, respeitar e seguir…
A verdadeira Educação educa o homem a ser um livre-pensador, com carácter, eticamente correcto, que respeite a pluralidade de ideias dos outros e a natureza. Uma educação livre do peso da religiosidade cega e supersticiosa e do materialismo puro e egoísta. Só assim é possível vislumbrar um futuro mais luminoso. - Jorge Moreira

The education we have had is an education for the economy god ... the consumerism! A new materialist religion (seems a nonsense) whose god is the market! We all need to love, respect and follow it...
The true Education educates man to be a free thinker, with character, ethically correct and who respects the diversity of ideas of others and the nature. An education free from the weight of blind superstitious religiousness and from the pure selfish materialism. Only then is possible to glimmer a brighter future. - Jorge Moreira

Publicado no Blog:novopensamentolivre



terça-feira, novembro 16, 2010

Ambiente Uma Questão de Ética


Apresentação do livro “Ambiente Uma Questão de Ética” da autoria de Maria José Varandas decorrerá na quarta-feira, dia 17 de novembro, às 18h00, na sede da Campo Aberto.
Mais informações clique no título.

terça-feira, novembro 09, 2010

Flores



Flores
Fantásticos beijos
São a Vida
Em mil cores
Qual athanor do amor
Que a natureza
Encanta,
Desencanta
Sementes
De novos amores...

Jorge Moreira (9/11/2010)
Foto: Teresa Rosa in:http://www.facebook.com/album.php?aid=41362&id=100000096354517&fbid=172578986088645

sábado, novembro 06, 2010

Educação – o antes e o depois


Muitos de nós, senão a grande maioria, tivemos uma educação orientada para sermos os maiores. Quantas vezes nos disseram: «olha para aquele sujeito… tem uma grande mansão, uma “bomba” de um carro, uma mulher (homem) bonita (o) e possui uma enorme influência. Tens de ser como ele!» Ora o objectivo desta educação era destacar-se pela riqueza, pela posse de bens materiais e, quanto mais o sujeito possuía, mais admirado era. Sabe-se que para atingir esse patamar, muitos homens mergulhavam todas as suas vidas numa áurea egoísta. Competiam ferozmente, como selvagens, passavam por cima de todos, como vultos superiores e não olhavam a meios para atingir os seus fins. Não conheciam (viviam) a ética e exploravam os recursos humanos e ambientais até à exaustão. O seu objectivo tinha de ser alcançado a todo o custo. Loucos… como eram escravos de si próprios e tolos, todos aqueles que continuam agarrados a este ciclo vicioso, que repercute essas condutas, indiferentes à beleza das emoções compartilhadas, do brilho do sol que trespassa as folhas de uma Caducifólia em tons de Outono e da queda de água que alimenta todo o ecossistema de um vale milenar.

Toda essa educação levou à competição, ao apego, à guerra, à segregação, à injustiça, ao ódio, à inveja, ao medo, à raiva, ao orgulho… à ignorância. Isto não quer dizer, que esta educação não tivesse a sua importância em relação à evolução humana, num determinado percurso histórico e pessoal. No entanto, no actual momento e dado a consciência que temos sobre as acções que provocamos aos outros e ao ambiente, o paradigma terá obrigatoriamente de ser outro. Essa mudança deve ser pessoal para alcançar o global. Não se consegue mudar o mundo se cada um de nós continuar a contribuir para a catástrofe. Se queremos mais equidade, justiça e solidariedade e se queremos viver num ambiente mais sadio, harmonioso e belo temos de ser mais sinceros, fraternos, cooperativos e exigentes nas nossas acções. Não podemos esperar que o outro mude para fazermos alguma coisa. Sejamos um exemplo de ética e cidadania. O verdadeiro e novo reconhecimento não está num topo de gama ou numa roupa de marca. Está no exemplo que cada um dá de si aos outros e ao Planeta. Quando esta realidade tomar maior expressão, irão ouvir-se muitas vezes os comentários: «olha para aquele indivíduo… honesto, humilde, fraterno, sempre pronto a ajudar quem mais necessita, cuidadoso nas relações que tem com os outros e com ambiente… um sábio, um grande Homem».

terça-feira, novembro 02, 2010

Acerca da felicidade e da educação


É necessária uma mudança urgente de paradigma acerca das nossas acções e determinações. A verdadeira felicidade, aquela que é perene, não pode ser uma manifestação elevada e requintada do egoísmo, representada nas suas expressões mais doentias, como a valorização imponderada dos objectos materiais e a ânsia pelo poder e pelo ter. Estes aspectos são autênticos instrumentos do capitalismo consumista, sábio e mágico manipulador do desejo e da ilusão, com o intuito de criar um prazer efémero às pessoas, um gozo que é dependente e insaciável, tal como convém, tornando-as escravas desse ciclo vicioso que destrói a identidade de cada um de nós, dos outros seres vivos e do planeta, para o benefício de uma pequena elite, inebriada com a “graça divina”, criada à sua imagem, o venerável deus da economia de mercado, desregrado de qualquer princípio ético e humano.

A verdadeira felicidade está nas coisas simples, na relação do eu com os outros, do eu para com a natureza, do eu para comigo próprio.

A auto-observação dos nossos actos, pensamentos, desejos e emoções permite discernir o certo do errado, o verdadeiro do falso, o melhor do pior, o mais do menos importante relativamente a nós e ao planeta. Esta espécie de meditação constante sobre a vida é uma das vias para o progressivo desapego desta hipnose global, extasiada pelo incenso consumista, que produz todo o tipo de separatividade, guerras, fome e miséria.

A Educação será uma mais-valia no processo e na relação do Homem - homem, Homem - Natureza. Uma boa educação para a sustentabilidade dos recursos naturais e para a integridade de ser humano, como pessoa sensível, humilde, cooperante e ao mesmo tempo, forte, independente e líder de si próprio, poderá contribuir para um futuro com uma humanidade mais fraterna, justa, sábia e feliz e um Ambiente mais sadio. Até lá… o trabalho tem de ser feito pelos pioneiros, com o esforço reforçado de desaprenderem quase tudo, ou seja, destruir as ligações neuronais já fortemente atadas, para reconstruir novas ligações capazes de alterar o ADN do seu comportamento e maneira de ver e sentir o mundo.

quarta-feira, maio 19, 2010

SEMINÁRIO - O LUGAR DA BELEZA NA VIDA

22 E 23 / MAIO / 2010 – S.T.P. LISBOA
Rua Passos Manuel, 20 Cave.

PROGRAMA

DIA 22 – SÁBADO

10h30 Recepção
13h00 Almoço
15h00 Abertura do Seminário
- Carlos Guerra
- Ana Maria Coelho de Sousa
15h30 Simpósio
- O Lugar da Beleza na Vida
Lício Correia
- O Lugar da Beleza na Literatura
Rosa Duarte
- A Beleza do Desprendimento – Viver e Morrer
Ana Maria Coelho de Sousa
16h30 Pausa
17h00 Grupos de Debate
18h30 Jantar
20h30 Serão Criativo


DIA 23 – DOMINGO

09h15 Meditação
(Entre as 9h10 e as 9h30 não será possível entrar na Sede da S.T.P.)
09h30 Simpósio
- A Beleza na Prática da Vida Teosófica
Isabel Nobre Santos
- O Lugar da Beleza na Vida
Júlio Teles
- A Beleza na Natureza
Maria João Figueira e Isolina Lages
10h30 Pausa
11h00 Grupos de Debate
12h00 Apresentação das reflexões feitas nos Grupos de Debate
13h00 Encerramento do Seminário
- Carlos Guerra
- Ana Maria Coelho de Sousa

quarta-feira, março 31, 2010

Ecologia Profunda de Arne Naess


Os sete princípios da ecologia profunda numa fase
inicial:
1. O eu relacional – os organismos são os nós de uma rede biosférica
de relações intrínsecas (a relação de A e B faz parte da definição
de A e B)
2. Igualdade biosférica (em princípio) – entre os vários elementos da
biosfera, em princípio porque a igualdade não se pode interpretar
literalmente uma vez que na prática são sempre necessárias
algumas acções de exploração ou morte
3. Diversidade e simbiose
4. Postura anti-classe – os princípios acima mencionados deverão ser
alargados ao âmbito intra-humano, e também a países
desenvolvidos e em vias de desenvolvimento
5. Luta contra a poluição e a depleção de recursos
6. Complexidade (a não confundir com complicação) – privilegia por
um lado a noção de complexidade dos sistemas quer naturais, quer
humanos e a consequente necessidade de visões humildes na
compreensão da biosfera e seus processos, e por outro dos
processos humanos nos quais divisão de trabalho e investigação
fragmentada, dificultam uma visão de futuro.
7. Autonomia local e descentralização

sexta-feira, março 26, 2010

TANGERINE DREAM ONTEM EM LISBOA


Foi um concerto inesquecível!
Foram três horas de pura magia sonora e visual, onde sons clássicos misturaram-se com electrónica e rock progressivo, projecção de vídeo e luz. Uma viagem ao seu passado e presente, iniciada com um autêntico conto de fadas, num quarteto de violoncelos, um piano de cauda e com uma bela princesa “luminosa”. O corte com a clássica foi abrupto. A destruição da “velha” harmonia deu origem a uma nova vibração cósmica, de sons e esculturas sonoras, ora suaves, ora intensas. No entanto, o ciclo passou novamente pela clássica com Gymnopédies de Satie, misturada com sons da urbe contemporânea. Os clássicos dos Tangerine Dream passaram durante todo o espectáculo com novos arranjos e, de vez em quando, foram introduzidos momentos novos de beleza complexa. O saxofone e flauta da linda Linda Spa deram um toque bem humano às “maquinas”. Bernhard Beibl ofereceu bons solos de guitarra e introduziu bem o violino eléctrico no espectáculo. No encore, a Iris Camaa presenteou-nos com a sua bela voz, após uma longa e energética jornada aos comandos da bateria e da percussão. Thorsten Quaeschning foi o braço direito de Edgar Froese e arrecadou os solos sintetizados que outrora pertenciam a Baumann, Franke, Schmoelling e Haslinger. Froese mostrou toda a Sabedoria musical e intuitiva que fez deste grupo um marco histórico da música instrumental contemporânea e “electrónica clássica”, que ao longo destes 42 (ou 43) anos criou e inovou constantemente, inspirando outros músicos, artistas plásticos, arquitectos e escritores. Tangerine Dream trouxe ao mundo novos caminhos musicais, que abrilhantam a banda sonora original da vida de cada um de nós.
Obrigado Tangerine Dream!

Fotos: Jorge Moreira.

segunda-feira, março 22, 2010

Tangerine Dream em Lisboa na próxima quinta-feira



TANGERINE DREAM
25 de Março – 21H30 (abertura de portas às 20H30 )

Os Tangerine Dream são uma banda de Berlim, formada em 1967 por Edgar Froese.
Tornaram-se conhecidos como pioneiros de uma nova música instrumental e introduziram novos sons, efeitos sonoros e novas técnicas de produção. Passados estes anos, Edgar Froese continua provocador, inovador e único no seu universo musical.
Com mais de 107 álbuns editados, destacam-se alguns nomes como "Zeit", "Atem", "Phaedra", "Stratofear", "Cyclone" (o único com vozes), "Force Majeure", "Hyperborea", "Optical Race" e "Mars Polaris", entre muitos.
A banda nomeada sete vezes para os Grammy, é um fenómeno único, que dificilmente encaixa numa determinada categoria musical. Utiliza tecnologia de ponta e ao mesmo tempo está envolvida por uma forte identidade rock&roll. Muitos tentaram copiar, sem sucesso, o que se tornou conhecido como o som dos Tangerine Dream.
Ao longo dos anos, sempre tiveram os seus pequenos segredos; na forma como criam as suas bases musicais e como estas se interligam, formando uma indescritível experiência musical, conseguindo assim estar sempre à frente de qualquer movimento. Durante muitos anos, os Tangerine Dream tiveram uma carreira paralela, criando bandas sonoras para produções cinematográficas em Hollywood.
Muitos artistas, de diversas áreas como pintores, escritores, actores, dançarinos, arquitectos e fotógrafos, têm homenageado os TD ao realizarem trabalhos famosos inspirados pela sua música.
A fama dos Tangerine Dream no mundo da música, a sua vasta experiência e profissionalismo, as suas inesquecíveis actuações ao vivo, assim como os seus tops de vendas, dão-lhes a liberdade de poderem trabalhar de forma independente. Desta forma mantêm e desenvolvem a sua imagem de marca, a sua originalidade.

In Coliseu de Lisboa
Para informação diária visite o meu Facebook

segunda-feira, março 08, 2010

A Necessidade de Altruísmo - Conferência de Matthieu Ricard no Porto


Matthieu Ricard, o conhecido monge budista francês, estará no Porto para dar uma Conferência Pública, no dia 8 de Março a convite da C.A.S.A. (Centro de Apoio ao Sem Abrigo). A conferência terá o título “A Necessidade de Altruísmo” e terá lugar na Fundação Dr. António Cupertino de Miranda.

Data: 8 de Março de 2010 às 18h30
Local: Fundação Dr. António Cupertino Miranda, Av. da Boavista, 4245, 4100-140 Porto
Preço: 15 € / estudante: 10 €
O valor angariado reverte a favor da instituição CASA - Centro de Apoio ao Sem Abrigo

Mais informações:

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CASA - Centro de Apoio ao Sem Abrigo
Morada: Rua Álvaro Castelões, 229, 3º
4450-041 Matosinhos
tel.: 22 937 84 46 tlm.: 91 777 21 57 / 91 493 59 07
email: casa.apoioaosemabrigo.porto@gmail.com

 

Sobre Matthieu Ricard
Matthieu Ricard é um monge budista francês, fotógrafo e autor. Vive e trabalha no mosteiro Shechen Tennyi Dargyeling no Nepal, Himalaias, há quarenta anos.
Nascido em França em 1946, filho do conhecido filósofo francês Jean-François Revel, cresceu no seio das ideias e personalidades dos círculos intelectuais franceses. Viajou para a Índia em 1967.
Doutorado em genética molecular no Instituto Pasteur de Paris em 1972, decidiu abandonar a sua carreira científica e concentrar-se na prática do budismo tibetano. Estudou com Kangyur Rinpoche e alguns outros grandes mestres dessa tradição e tornou-se estudante próximo e auxiliar de Dilgo Khyentse Rinpoche, até ao seu falecimento em 1991. Desde então, tem dedicado a sua actividade à realização da visão de Dilgo Khyentse Rinpoche.
As fotografias de Matthieu Ricard de mestres espirituais, das paisagens e das pessoas dos Himalaias têm aparecido em inúmeros livros e revistas. Henri Cartier-Bresson disse do seu trabalho, ”a vida espiritual de Matthieu e a sua câmera são um só, donde brotam estas imagens, fugazes e eternas“.
Ele é o autor e fotógrafo de “Tibet, An Inner Journey” e “Monk Dancers of Tibet” e, em colaboração, os fotolivros “Buddhist Himalayas”, “Journey to Enlightenment” e recentemente “Motionless Journey: From a Hermitage in the Himalayas”. Matthieu Ricard é o tradutor de diversos textos budistas, incluindo “The Life of Shabkar”.
O diálogo com seu pai, Jean-François Revel, em “O Monge e o Filósofo”, foi um best-seller na Europa e foi traduzido para 21 idiomas, e “The Quantum and the Lotus” (em co-autoria com Trinh Xuan Thuan) refletem o seu interesse de longa data pela Ciência e o Budismo.
No seu livro de 2003 “Plaidoyer pour le Bonheur” (publicado em Inglês em 2006, como “Happiness: A Guide to Developing Life’s Most Important Skill”) explora o significado e plenitude da felicidade e foi um grande best-seller em França.
Matthieu Ricard foi apelidado de “a pessoa mais feliz do mundo” pelos media depois de ser voluntário para um estudo realizado na Universidade de Wisconsin-Madison sobre a felicidade, posicionando-se significativamente acima da média obtida após os testes de centenas de outros voluntários.
Membro do conselho do “Mind and Life Institute”, que é dedicado a encontros e pesquisa em colaboração entre cientistas e estudiosos budistas e praticantes de meditação, as suas contribuições foram publicadas em “Destructive Emotions” (editado por Daniel Goleman) e noutros livros de ensaios. Matthieu Ricard está também profundamente envolvido na investigação sobre o efeito do treino da mente sobre o cérebro, nas Universidades de Wisconsin-Madison, Princeton e Berkeley.
Matthieu Ricard foi condecorado com título de Cavaleiro da “Ordre National du Mérite” pelo presidente francês François Mitterrand pelos seus projetos humanitários e pelos seus esforços para preservar o património cultural dos Himalaias.
Ns últimos anos tem dedicado os seus esforços e doa todos os proventos do seu trabalho em favor the trinta projetos humanitários na Ásia, que incluem a manutenção e construção de clínicas, escolas e orfanatos na região: www.karuna-shechen.org
Desde 1989, actua como intérprete de Francês para S. S. o Dalai Lama.


(N.T.: Karuna significa “compaixão” em sânscrito)