quarta-feira, janeiro 20, 2021

Jorge Moreira: A vida (o)culta das plantas | 05-12-20

"As florestas e bosques autóctones são tradicionalmente locais procurados pela sua mística, paz, silêncio, beleza e conexão. São considerados por muitos como locais sagrados, onde a Natureza selvagem brota livremente a energia da criação. Por isso são locais inspiradores poética e espiritualmente. São, também, uma fonte enorme de conhecimento científico, ora pela biodiversidade que alberga, ora pela relação ecológica entre essa vida e os elementos abióticos, ora ainda como fonte de medicina e bem-estar. São muitos os medicamentos que surgiram da flora das florestas e é bem conhecido o papel do contato com estes ambientes naturais e o combate ao stress, à depressão, ou pelo contrário, como fonte de harmonia e felicidade. 

Ao longo dos tempos, muitas comunidades humanas viviam em harmonia com as florestas, donde tinham uma relação animista da Natureza. A desvalorização e a destruição das florestas, deve-se muito à perda desta dimensão sagrada da Natureza, tanto pela influência das religiões abraâmicas, como pela tecnociência e tecnocapitalismo, que impuseram uma ideia de domínio, subjugação e exploração, sendo também o mundo natural visto como uma máquina e algo separado de nós. Na verdade, nem a Natureza é uma máquina, nem nós estamos separados dela, nem os fenómenos da vida podem ser apreendidos como a soma das partes. Há propriedades emergentes que só se manifestam no todo, e as florestas, a Humanidade e os restantes elementos da Terra formam uma unidade de relações, donde a crise ecológica é também uma crise humana." 

Nesta palestra, Jorge Moreira aborda várias dimensões das árvores e florestas, com especial relevo para a componente científica, simbólica, relacional, teosófica e espiritual.

 

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