quarta-feira, novembro 30, 2005

Lembrar Pessoa

 
(...)
Pois essa Pedra Cúbica partida
E a minha alma em luz pura resolvida
Eram a mesma coisa, era a verdade.
(...)
Ah quanto, quanto
Esforço antigo e doloroso o erguera
Da pedra bruta que era,
Talhado com trabalho e irado pranto
Até que o cubo certo se fizera.

E agora, concluída a magna obra,
Feito o perfeito no que é pedra e haver,
Onde é que está o coração que sobra?
(...)
E a pedra cúbica, perfeita era
Contudo aquela que se negara.

Fernando Pessoa
Foto tirada na Net. Posted by Picasa

4 comentários:

Anónimo disse...

Aqui fica a minha homenagem a Fernando Pessoa:

Titulo:(dream)

"Qualquer coisa de obscuro permanece
No centro do meu ser. Se me conheço,
É até onde, por fim mal, tropeço
No que de mim em mim de si se esquece.

Aranha absurda que uma teia tece
Feita de solidão e de começo
Fruste, meu ser anónimo confesso
Próprio e em mim mesmo a externa treva desce.

Mas, vinda dos vestígios da distância
Ninguém trouxe ao meu pálio por ter gente
Sob ele, um rasgo de saudade ou ânsia.

Remiu-se o pecador impenitente
À sombra e cisma. Teve a eterna infância,
Em que comigo forma um mesmo ente."

Bom feriado, beijinhos.

Anónimo disse...

Recomendo o conto de António Telmo sobre este quadro do Almada.
Abraços
R

Conceição Paulino disse...

belíssima evocação. bj e ;)

Anónimo disse...

Jorge Moreira, Meu Amigo e Prezado Irmão:

Não consigo enviar-lhe comentários através do seu blog (não aceita, de resto não consigo para nenhum blog, tenho de descobrir porquê...).

Sendo assim, gostei tanto da sua homenagem a Fernando Pessoa (precisamente numa altura bem apropriada, mas que, por incrível que pareça, não foi recordada por muita gente que tinha obrigação disso, até profissionalmente!) que resolvi enviar-lhe por este meio o meu comentário e o meu Obrigado .

O seu blog demonstra capacidade de escolha qualitativa, atenção, trabalho sério e devoção a causas. E não só o blog, mas também a sua devoção à causa teosófica, que expressa de várias outras formas.

Tudo "coisas" (desculpe a expressão ...) que não são muito abundantes actualmente, apesar da facilidade dos meios de comunicação. E que, para mim (que também procuro ser responsável na vida ...) são inestimáveis.

Como demonstra que aprecia as qualidades de Fernando Pessoa (de uma genialidade nunca devidamente apreciada!), queria só recordar-lhe aquele poema, bem conhecido, mas talvez não muito compreendido (a Teosofia ajuda a entendê-lo melhor), em que o grande Poeta nos diz o seguinte:

"Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu."

(Excerto de "Mar Português", da Mensagem)


Fraterno abraço,

João Parente